Lembranças
Os melhores momentos do Chapolin - Parte I

Ele é o nosso herói, mas não qualquer herói, representante máximo da América Latina: Chapolin Colorado (ou Polegar Vermelho, ou vermelhinho, vocês decidem!). Ele pode não ser o mais forte, o mais inteligente ou o mais corajoso, mas, de uma forma ou de outra, ele sempre salva o dia. Com uma bela dose de esperteza e malemolência típica dos latinos, o personagem criado por Roberto Gomez Bolaños e interpretado por ele entre os anos de 1970 e 1979, fazia uma certeira (e engraçadíssima) paródia dos super-heróis americanos, ao mesmo tempo em que lançava sutis e alegóricas críticas sociais em relação ao povo da América do “Terceiro Mundo”.

Neste texto muito especial, vamos destacar cinco grandes episódios dessa inigualável série do herói cujos movimentos são friamente calculados, garantindo-nos boas risadas desde que chegou a terras Tupiniquins, na década de 1980.

Aerolitos
Nesse episódio histórico o nosso querido herói de uniforme vermelho e amarelo demonstrou-nos que a ajuda que poderia oferecer estendia-se muito além de impedir os malfeitores de cometer seus crimes, o Chapolin Colorado também era um abnegado colaborador da pesquisa cientifica. Tudo começa quando um velho professor – interpretado por Ramón Valdez, nosso querido e eterno Seu Madruga – pede a ajuda do nosso herói quando perde um caderninho que continha todas as suas preciosas anotações sobre pedras que caiam do céu... Alguns desinformados as chamariam de meteoros ou meteoritos, mas aprendemos nesse episódio (e com muita ênfase por parte do professor). Como já era de se supor o auxilio do Chapolin não sai como o planejado. Tanto o professor, quanto a sua filha e o seu genro aprenderam a duras penas que misturar as pedras... Perdão! Misturar os aerólitos com a presença do Chapolin não poderia ter outro resultado que não fosse uma bela confusão, além de muitas contusões, é claro.

Conde Terra Nova – O Cleptomaníaco
Era mais um dia comum na vida de um grande magnata com a filatelia aflorada, quando decide vender alguns dos seus selos mais raros , aceitando a proposta a um comprador que publicara um anúncio onde demonstrava seu interesse em adquiri-los. E o comprador não era nada mais, nada menos, do que o Conde Terra Nova, um aristocrata muito respeitado. Tudo corria conforme o planejado quando o nobre Conde começa a demonstrar um comportamento pouco peculiar: rouba tudo o que cabe em seu bolso da casa do magnata e, dentre essas coisas, os seus valiosose queridos selos. Sem desconfiar do Conde Terra Nova, o ricaço joga a culpa sobre a sua empregada, Atadonfa, e a jovem serviçal, além de ter que lidar comum nome repleto de idiossincrasias, agora vê-se num dilema que pode custar a sua liberdade, mas ela, muito sagaz, logo percebe que o Conde Terra Nova fora o responsável. Ele confessa a ela que é um cleptomaníaco e ambos planejam devolver os selos sem expor o nobre conde, mas sozinhos não seriam capazes, então, para tal empreendimento, pedem a ajuda do Chapolin. Mas talvez para o nosso herói, pronunciar corretamente o nome do Conde seja um desafio maior do que devolver os selos sem ser notado.

À Procura do Dr. Zurita
Nesse episódio podemos constatar a grandiosidade da nobreza do Chapolin Colorado. Super vilões com anseios de dominar o mundo são desafios para heróis sem criatividade, como o Superman ou o Batman. Nesse dia, o nosso querido Polegar Vermelho dedica seu tempo e o seu esforço para ajudar um aflito dono de casa em seus penosos afazeres domésticos: varrer, tirar o pó, passar roupa, etc. Após vários objetos quebrados e ficando cada vez mais claro a “pequena” falta de aptidão do Chapolin nesse tipo de atividades heroicas, todos são surpreendidos por um vizinho muito aflito, o engenheiro Camim. O homem era novo na vizinhança e vai até a casa implorar onde estão o Chapolin e o dono de casa para usar o telefone, pois precisa urgentemente encontrar o obstetra de sua esposa que já está em trabalho de parto: o misterioso Dr. Zurita! Após uma longa busca nas hoje extintas listas telefônicas, o engenheiro encontra o contato do médico e não perde tempo em contatá-lo, mas surpreendentemente esse telefonema nos proporciona um plot twist digno das maiores obras hollywoodianas... Bom, talvez não. Mas ainda assim, muito engraçado!

Chapolin encontra Chaves
Hoje em dia, tornou-se muito comum depois do boom dos filmes de super heróis, diversos crossovers entre eles. Um dos mais esperados foi o encontro do Batman e do Superman num mesmo filme, que aconteceu em 2016, na produção de ZackSnider, entretanto, não foi nem de longe o mais relevante. Há exatamente quatro décadas antes desse filme ser lançado, o Chapolin já estava na vanguarda, brindando o público com um dos crossovers mais inesquecíveis do audiovisual: o Chapolin encontra-se com o Chaves!

Tudo transcorre normalmente na Vila, quando o pobre menino do barril testemunha, mais uma vez, a Dona Florinda perseguindo o Seu Madruga para dar-lhe uma de suas famigeradas surras. Compadecido do homem, o garoto exclama a famosa frase: “Oh! E agora, quem poderá defendê-lo?” E quem veio ajudar? ELE! O Chapolin Colorado! Chaves e Chapolin, os dois personagens mais icônicos de Roberto Bolaños, finalmente ficam cara a cara e muitas piadas que mencionam isso não são poupadas durante o episódio, enquanto os nossos dois heróis se esforçam para sanar as injustiças cometidas contra o pobre do Seu Madruga.

Festa à Fantasia
Se no quesito crossover o episódio descrito acima é equivalente ao “Batman VS Superman”, este episódio de 1979 é equivalente aos “Vingadores”. Nele os principais personagens criados por Bolaños dividem a cena. Além do Chapolim, o Dr. Chapatin, o Chompiras e até o Chaves e a Pópis têm vez na história.

Tudo começa quando a Bruxa do setent... Digo... Quando a personagem interpretada por Angelina Fernandez decide dar uma festa à fantasia, quando é alertada por um detetive que alguns contrabandistas vão se utilizar do evento para uma transação criminosa. Mesmo alarmada e preocupada, ela decide não cancelar a festa, pois durante a celebração, o detetive virá disfarçado e tentará prender os malfeitores. Ainda aflita, a anfitriã pede a ajuda do único herói possível, claro, o Chapolin. Este episódio, dividido em três partes, é bem curioso, pois além do enredo principal ser bem interessante, entremeado a ele aparecem pequenas e divertidas esquetes envolvendo não apenas os personagens criados por Roberto Gomez Bolaños, mas também muitas e diretas referências a vários gigantes do humor que lhe serviram de referência criativa, como Chaplin e “O Gordo e o Magro”. Uma bela e sutil homenagem.

Essa é apenas a primeira parte dos melhores momentos do Chapolin, em breve a segunda parte dos episódios inesquecíveis do Chaves.


Ana Paula Santos e Rapha Mussato