Hall of Mirrors
Os Melhores Video-Clipes dos anos 80

People are People

Lançado em março de 1984, People are People é mais um dos maravilhosos clipes do Depeche Mode que certamente merecem um super comentário aqui no site dos anos 80. Dirigido por Clive Richardson, responsável também pela direção de clipes de Siouxsie and the Banshees, Blancmange, Adam and the Ants, Tears For Fears, entre outros clássicos dos 80, o clipe tem aquela peculiaridade dos clipes technopop que é a perfeita sincronia entre música e imagem. Richardson também dirigiu praticamente todos os clipes da primeira fase da banda, entre eles os hits Master and Servant, Just Can’t Get Enough, e as menos famosas, porém não menos maravilhosas Everything Counts, Somebody, Blasphemous Rumours, Photographic, Love in itself e A Question of Lust.

Essa fase é considerada a mais industrial, mais experimental e mais socialista da banda. O experimentalismo de ruídos e sons de ferramentas de fábricas, de bandas como Cabaret Voltaire, Throbbing Gristle, Psychic TV, ganhou ritmo e seqüência, se tornando mais technopop e levando consigo, mais do que os sons industriais, a ideologia operária. Os metais, e aqui não falamos dos metais do heavy, mas dos metais de verdade, o latão das fábricas, as engrenagens das máquinas, enfim, os sons tão comuns a esses operários de Essex são as estrelas das músicas desta fase do Depeche e são parte essencial do clipe People are People.

Gravado em uma fábrica de discos, a HMS Belfast, o clipe mostra as prensas trabalhando na confecção das saudosas bolachas, os álbuns de vinil. O single? People Are People, claro. E os integrantes da banda tocam dentro desta fábrica, utilizando-se do maquinário da mesma para produzir os sons. Mostra realmente a música industrial dentro da indústria da música.

Ideologicamente falando, People are People, é um hino à paz. Uma crítica pungente contra o ódio gerado pela guerra; e a pergunta do refrão é a grande questão da música: o que leva um homem a odiar outro homem, sem nem sequer conhecê-lo? É exatamente isso que acontece em uma guerra. Milhares de cabeças, usadas por líderes interessados apenas em poder e dinheiro, são levadas a semear o ódio e a destruição. As cenas do clipe mostram revoltas populares, como as passeatas contra a guerra do Vietnã e também tropas de soldados marchando em frente ao Kremlin, ao Big Ben e ao Palácio das Tulherias, dentre outros lugares, que nada mais fazem do que generalizar a situação de guerra, espalhando-a por todos os cantos do mundo. É interessante citar que contraditoriamente esta música foi um dos grandes hits da banda nos Estados Unidos, o país bélico por natureza.

O engajamento do Depeche Mode pode ser visto tanto nas letras quanto nos clipes dos álbuns Construction Time Again e Some Great Reward centralmente. Deixando de lado a constante idéia do amor, começaram também a abordar as desigualdades sociais, a destruição da Terra pelo homem e, claro, as guerras que matavam indiscriminadamente. Além destes temas, a forma como falam diretamente dos sentimentos e da vida cotidiana mostram esse lado operário da banda que também se utiliza da música para gritar contra o preconceito racial, social, sexual e ideológico, entre outros.

Enfim, uma grande música, um belíssimo clipe que pode ser encontrado na coletânea original Some Great Videos e na Some Great Videos 81>85 lançada relativamente há pouco tempo. Fica a dica para conhecer os vídeos mais antigos e geniais do Depeche nestas coletâneas. E no Sábado, 19/11/2005, mais um especial Depeche Mode na Festa de lançamento do novo trabalho da banda, Playing The Angel, no Projeto Autobahn, comemorando o lançamento deste tão esperado álbum do Depeche Mode.

Muita Luz!!!

 

Cris Maggio

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