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brasileira nos anos 80


Jornada nas Estrelas - Parte II - Temporadas

Depois de fazermos um apanhado sobre a série como um tudo, vamos relembrar temporadas e episódios da série mais influente de todos os tempos. O primeiro ano da série foi exibido em 1966-1967, destacando as aventuras de uma nave da Frota Estelar em pleno século 23, a USS Enterprise, e sua tripulação, composta pelo médico de bordo Leonard McCoy (DeForest Kelley), o engenheiro Montgomery Scott (James Doohan), o timoneiro Sulu (George Takei) e a oficial de comunicações Uhura (Nichelle Nichols) além é claro de Kirk e Spock. O navegador russo Pavel Chekov (Walter Koenig) só iria se juntar à trupe na temporada seguinte.

A trama da série inicia-se no século XXIII, quando o planeta Terra tem um único governo. Todas as guerras e conflitos territoriais, raciais ou religiosos foram superados, problemas como a fome e o desemprego foram resolvidos. A medicina, altamente desenvolvida, e ao alcance de todos os habitantes, é capaz de prever e curar praticamente todas as doenças conhecidas. Politicamente o planeta é parte da Federação Unida de Planetas, e as disputas por território e hegemonia acontecem no espaço,que é dividido em quadrantes, com a Terra localizada no quadrante Alfa.

Os principais aliados dos terráqueos são os Vulcanos, o primeiro povo alienígena a fazer contato com a Terra. Primam pela lógica e controle das emoções, explicando que esta filosofia de vida os salvou de um passado violento. Sua característica física mais marcante são as orelhas pontudas. Spock, o primeiro oficial da Enterprise é o vulcano mais conhecido em Jornada nas Estrelas.
Em diversos episódios a Enterprise se envolve em confrontos com os Klingons, espécie alienígena inimiga da federação.

 

FICHA

"Jornada nas Estrelas - A Série Clássica"
Título original: "Star Trek - The Original Series"
Ano de Criação: 1965
Gênero: Ficção Científica
Criação:Gene Roddenberry
Elenco:
Cap. James T. Kirk – William Shatner
Spock – Leonard Nimoy
Leonard McCoy – DeForest Kelley
Montgomery Scott – James Doohan
Pavel Chekov – Walter Koenig
Hikaru Sulu – George Takei
Lieutenant Uhura - Nichelle Nichols

Emissoras no Brasil:TVs Excelsior, Bandeirantes, Tupi e Record

O sucesso de Jornada nas Estrelas não foi imediato. A emissora alegava que a série jamais atingiu uma audiência que agradasse suas expectativas, por causa disso esteve diversas vezes ameaçada de cancelamento, o que quase foi consolidado após a segunda temporada, Nesse momento, a ação dos primeiros trekkers (nome dado aos fãs da série) foi de fundamental importância. Uma grande fã da série na época, Bjo Trimble (agora conhecida como “mãe do movimento trekker”), entrou em contato com autores de ficção científica e outros admiradores e juntos iniciaram a chamada campanha de “um milhão de cartas para salvar Star Trek”.

A NBC teve de ceder à pressão de uma camada da audiência que não se traduzia em números significativos e sim em qualidade, confirmando a terceira temporada mas por outro lado, boicotou a série, reduzindo as verbas de produção, o que comprometeu a qualidade dos episódios, e a reprogramou para o problemático horário do sábado a noite, o que era péssimo para um seriado que até então tinha um publico jovem, assim conseguiram desgastar de vez o programa e finalmente tirar do ar.

Muitos consideram que o real fator de boicote a serie não foi o índice de audiência e sim o fato de Star Trek ter entre os protagonistas um oficial Russo e uma mulher negra, e isso em plena década de 60. Foi em um episodio desta série que ocorreu a primeira cena de beijo interracial, que foi transmitida no dia 22 de novembro de 1968, às 22h, no episódio final da segunda temporada, chocando a população americana. A cena rendeu diversas críticas aos produtores do show de TV e aos atores William Shatner e Nichelle Nichols.

Roddenberry era um visionário, e como sua própria esposa reconheceu, sempre foi um socialista convicto, então o público norte-americano do final dos anos 60, que ainda proibia os negros de votarem, não estava preparado para uma visão tão evoluída da humanidade. O que comprova sua convicção socialista é que seria um futuro sem fome, sem desemprego, sem diferenças sociais, sem o uso do dinheiro, sim, o dinheiro não era mais usado, a humanidade havia evoluído tanto que não precisava mais se diferenciar pelo dinheiro que as pessoas tinham, o que era importante era seu conhecimento. Mais que isso, com o fim do dinheiro, também obviamente acabava a guerra entre os países, portanto é formada um governo conjunto internacional. Com o passar dos anos, essa união se dá com outros planetas, e forma-se a Frota Estelar.

Imaginem se o público americano conservador e preconceituoso estava preparado em plena guerra fria a ter uma nave fruto da colaboração e trabalho conjunto com um russo, um japonês, uma mulher negra na ponte de comando. Os norte-americanos realmente não estavam preparados. E o pior... o ser mais inteligente da nave não era um humano, era na verdade um alienígena. Mr Spock! O oficial de ciências, com raciocínio extremamente rápido e apurado era um alienígina. O norte-americano não conseguia superar nem o estúpido preconceito de cor, imagina o preconceito contra alieníginas. Sem dúvida o público norte-americano não estava preparado para uma visão mais socialista do mundo no final dos anos 60.

Outra coisa que o público não estava preparado, era a defesa radical de Roddenberry da não intervenção, enquanto o governo americano fazia dezenas de propagandas na TV e na mídia em geral, uma lavagem cerebral para o povo americano defender a intevenção em outros países, a derrubada de governos democraticamente eleitos, que apenas não concordavam com os estados unidos, enfim, o governo americano sempre inventando uma desculpa para invadir outros países livres e independentes. Rodenberry era ativista da não intervenção, participou ativamente da luta contra a Guerra do Vietnã, etc. Então colocou sua convicção socialista na série, a política da não intervenção em outras culturas, apenas transformou seu discurso nas ruas contra as invasões americanas em outros países, para a questão dos planetas. Tanto que dá exemplos em vários episódios, o que a intervenção em outra cultura pode causar, como no episódio que com nasce uma nova sociedade nazista devido à intervenção na cultura alienígina. Enquanto Roddenberry esteve à frente da série sempre defendeu a não-intervenção. A partir da segunda temporada de Next Generation, o estúdio começou a tirar Rodenberry das decisões porque Gene não tinha de enfrentar a política oficial do governo americano de intervenção, então com o afastamento de Rodenberry, consegue-se aceitar mais facilmente a intervenção nos novos spin-offs de Jornada nas Estrelas, coisas que não eram nem imagináveis na série clássica e enquanto esteve sob a criatividade genial e imbatível de Mr Roddenberry.


O incrível é como a série influenciou dezenas de filmes anos depois... filmes, séries, de Contatos Imediatos do Terceiro Grau a Elysium e MIB (Homens de Preto), passando por Arquivo X, entre outros. No nono episódio da primeira temporada Dagger of the Mind (O Punhal Imaginário), por exemplo, os prisioneiros e Kirk são submetidos a um "neutralizador neural" que apaga todas as memórias de determinada época e induz outros pensamentos na vitima que esquece tudo e acredita numa nova mentira que é inserida nos seus pensamentos. O neutralizador neural virou "neuralizador" no Homens de Preto e com a mesma função.

No 21º episódio da terceira temporada, The Cloud Minders (traduzido como "Os Guardiões das Nuvens"), existe um lugar elevado no espaço, assim como os Campos Elíseos dos gregos, onde os governantes vivem em um paraíso, uma elite exploradora, sem precisar trabalhar, explorando o trabalho dos que estão vivendo abaixo deles no planeta, nesse Elysium não existem doenças, sofrimento, enquanto quem está no planeta sofre todo dia e é explorado nas minas. O filme Elysium que também compartilha a visão socialista de Roddenberry, denunciando a elite que vive nesse paraíso, revive integralmente esse episódio no filme, atualizando apenas a exploração de trabalhadores nas minas por exploração nas fábricas de robôs. A cada episódio de Jornada nas Estrelas nasce um novo filme ou série. A capacidade influência de Roddenberry é incomensurável.

Roddenberry era sem dúvida um intelectual muito à frente de seu tempo. Era fascinado pela história da humanidade, incluindo uma paixão pela mitologia grega que aparece em alguns episódios da segunda e terceira temporadas como em "O Lamento por Adonis", "Cloud Minders" e "Os Herdeiros de Platão" , além de referências ao Império Romano, entre outros momentos históricos.

Outro detalhe importante é a dublagem nos anos 80 no Brasil feita por Garcia Junior na voz do Capitão Kirk na primeira temporada e alguns episódios da segunda temporada, sim o mesmo que fez a inesquecível voz de Deckard em Blade Runner, e vários desenhos e séries clássicas dos anos 80 como He-Man e McGyver. Sem dúvida um dos principais dubladores dos anos 80 no Brasil.

A influência ultrapassa a TV e o cinema, e bandas como Information Society usam dezenas de samples da série. Tanto que o maior sucesso da banda, tem a voz de Spock falando "Pure Energy" em What's on Your Mind, além de outros clássicos como Walking Away usando a voz de Kirk no começo da música ("It's Useless to resist us") e do Scotty no meio ("Let's Go See"), e não pára por aí... em Something in the Air, Think e diversos outros hits da banda. E mais, nos shows, a banda costuma incluir mais samples nas músicas que não tinham na versão acústica, como a voz de Uhura do terceiro episódio da segunda temporada "The Changeling", na versão live de Walking Away.

Outro episódio inesquecível é a primeira aparição de Khan, que voltaria a aparecer já nos longa-metragens dos anos 80 (A Ira de Khan), no sensacional episódio Space Seed (Semente do Espaço), interpretado por ninguém menos que Ricardo Montalban, que ficou muito conhecido no Brasil anos mais tarde como o protagonista da Ilha da Fantasia. Esse episódio é uma forte crítica às ideias de eugênia de Hitler e o pensamento da extrema direita, 23º episódio da primeira temporada!

Ao invés de relegar a série ao esquecimento, seu encerramento fez com que ela entrasse para a história. As constantes reprises do seriado, a ida do homem à Lua e o advento da Era Espacial, que despertaram o interesse dos americanos pelo tema, fizeram com que Jornada nas Estrelas cada vez mais fosse descoberta como a precursora de uma filosofia. Ao longo dos anos 70, convenções reunindo milhares de fãs multiplicaram-se pelo EUA, os primeiros livros amadores começaram a ser publicados e a primeira vitória do movimento de reivindicação dos fãs veio sob a forma de desenho animados baseado na série. Star Trek: The Animated Series.
A série foi produzida pela Filmation em associação com a Paramount (Que havia comprado o estudio Desilu) e teve duas temporadas que foram ao ar nas manhãs de sábado de 1973 a 1974 na NBC, tendo 22 episódios de meia hora. A popularidade de Star Trek levou a Paramount e Roddenberry a desenvolverem uma nova série, Star Trek: Phase II.

Mas após o sucesso dos filmes Star Wars e Close Encounters of the Third Kind, o piloto planejado de Phase II foi adaptado no filme Star Trek: The Motion Picture, recrutando todo o elenco principal da série original. Lançado em 1979, o filme arrecadou US$ 139 milhões de bilheteria, um pouco abaixo das expectativas do estúdio mas o suficiente para um sequência ser encomendada, no total, seis filmes de Star Trek com o elenco da série clássica foram produzidos entre 1979 e 1991.










Não quisemos fazer uma relação dos melhores episódios, porque seria quase impossível escolher apenas alguns episódios entre dezenas de ótimos episódios...

Neste sábado todos fãs vamos nos reunir na melhor festa de São Paulo para embarcar nessa viagem no tempo, ao som das músicas que fizeram a trilha sonora das nossas vidas.
Nos vemos na festa deste sábado!



Marcos Carillo e Marcos Vicente